História

O dia em que o Brasil quebrou: a moratória de 1987 explicada

Como o calote da dívida externa marcou a economia brasileira e moldou o futuro do país


No dia 20 de fevereiro de 1987, o então presidente José Sarney anunciou uma medida que entraria para a história como um dos momentos mais críticos da economia brasileira: a moratória da dívida externa. Em termos simples, o Brasil declarou que não pagaria, temporariamente, os juros de sua dívida com bancos internacionais — um calote que evidenciava a fragilidade da economia nacional e expunha as consequências de anos de endividamento excessivo.


O que levou o Brasil a dar o calote?

Durante as décadas de 1970 e 1980, o Brasil viveu uma escalada de empréstimos externos. Aproveitando os juros baixos oferecidos por bancos estrangeiros, especialmente após a crise do petróleo, o país se endividou para financiar o crescimento e infraestrutura. No entanto, a alta dos juros internacionais, a queda do preço das commodities e a inflação descontrolada tornaram a dívida impagável.

Segundo o economista Monica de Bolle, em entrevista à BBC Brasil, o país enfrentava um cenário de déficits fiscais elevados, reservas cambiais em colapso e uma inflação que ultrapassava 100% ao ano. Com isso, a equipe econômica de Sarney anunciou que o Brasil suspenderia os pagamentos de cerca de US$ 8,4 bilhões em juros da dívida externa — medida que gerou desconfiança internacional e agravou o isolamento econômico do país.


Repercussões imediatas

A moratória teve efeitos devastadores:

  • Desvalorização do cruzeiro, a moeda da época.
  • Fuga de capitais internacionais e congelamento de novos financiamentos externos.
  • Perda de credibilidade do Brasil perante o mercado financeiro global.
  • Aprofundamento da crise inflacionária, que só seria controlada anos depois com o Plano Real (1994).

O FMI (Fundo Monetário Internacional) interrompeu negociações com o Brasil, exigindo reformas e cortes que o governo Sarney não conseguiu implementar. A moratória também comprometeu o desenvolvimento de projetos industriais e de infraestrutura, impactando diretamente a população.


Legado e lições

A moratória de 1987 é lembrada como um símbolo de descontrole fiscal, improviso político e ausência de planejamento de longo prazo. Ela deixou marcas profundas:

  • Credores internacionais passaram a exigir garantias maiores.
  • A confiança no Brasil levou anos para ser reconstruída.
  • A dívida externa continuou a crescer até os anos 2000, mesmo com renegociações.

Segundo a Revista Exame, a crise da moratória reforçou a importância de manter equilíbrio fiscal, controle inflacionário e responsabilidade nas contas públicas — fundamentos que, mais tarde, seriam centrais na estabilidade econômica do Plano Real.


Conclusão

A moratória de 1987 foi o dia em que o Brasil “quebrou” perante o mundo. O calote da dívida externa escancarou a fragilidade estrutural da economia brasileira, mergulhada em inflação, endividamento e instabilidade política. Embora tenha sido um momento sombrio, ele serviu como ponto de inflexão para que, anos mais tarde, o país buscasse maior responsabilidade fiscal e política econômica mais coerente.

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