Terça-feira – Ações e Criptomoedas
Criptomoedas: recordes, ciclo em fase avançada e volatilidade
O maior ativo digital do mundo viveu uma onda de entusiasmo no início de agosto. Em 14 de agosto de 2025, o Bitcoin chegou a ser negociado a US$ 124 002,49, superando a máxima de julho. O salto foi impulsionado por três fatores interligados:
- Expectativas de cortes de juros nos EUA: na primeira quinzena de agosto, investidores passaram a acreditar que o Federal Reserve começaria a afrouxar a política monetária. Analistas da IG Markets afirmam que a convicção de cortes de juros sustentados, combinada à compra de grandes investidores institucionais, foi o principal motor do rali. A perspectiva de dinheiro mais barato eleva o apetite por ativos de risco e favorece o mercado cripto.
- Regulamentação favorável: em 2025, o setor acumulou vitórias regulatórias nos EUA, incluindo aprovação de regras para stablecoins e mudanças na Securities and Exchange Commission que facilitam a inclusão de ativos digitais em carteiras de investimento. Um decreto executivo recém‑editado até abriu caminho para que 401(k) (planos de aposentadoria) possam alocar recursos em criptomoedas.
- Aumento da participação institucional: dados da CryptoQuant apontam que o mercado está entrando no estágio tardio de um ciclo de alta; ainda assim, o fluxo de capital novo segue consistente e os grandes investidores ainda não reduziram agressivamente suas posições. Esse movimento sustenta os preços, embora analistas alertem que ele pode não durar para sempre.
O rali do Bitcoin contaminou outros ativos digitais. Segundo dados da CoinMarketCap mencionados pela Reuters, o valor de mercado de todo o setor saltou para mais de US$ 4,18 trilhões (cerca de R$ 20 trilhões), bem acima dos US$ 2,5 trilhões registrados em novembro de 2024. Esse crescimento refletiu-se nas altcoins — nove das dez maiores moedas subiram no mês de agosto, enquanto o ether voltou a se aproximar da máxima histórica, negociado acima de US$ 4 780.
Apesar da euforia, especialistas alertam que o setor permanece altamente volátil. A grande valorização ocorreu após um período prolongado de ganhos (desde o halving de 2024), e há sinais de que o ciclo esteja mais maduro. Matérias especializadas apontam que a dominância dos investidores de curto prazo ainda está em torno de 30%, abaixo do nível de 65% que precedeu os topos anteriores. Analistas lembram que correções rápidas e profundas são comuns em criptomoedas; uma eventual retração poderia transformar a alta em mercado de baixa. Além disso, a própria Reuters observa que, embora as novas regras permitam a presença de cripto em planos de aposentadoria, esses ativos são muito mais voláteis que ações e títulos, o que traz riscos extras para poupadores.
Aviso: as informações sobre criptomoedas são fornecidas apenas para fins jornalísticos. Investir em ativos digitais envolve riscos significativos, incluindo elevada volatilidade e possibilidade de perdas totais. Antes de investir, procure entender o funcionamento do mercado, avalie seu perfil de risco e, se necessário, consulte um profissional.
Ações: recordes impulsionados por inteligência artificial e cortes de juros – mas com cautela
O mês de agosto também foi marcante para as principais bolsas. Em 28 de agosto de 2025, o S&P 500 e o Dow Jones fecharam em máximas históricasreuters.com. O índice amplo subiu 0,32%, a 6 501,86 pontos, enquanto o Nasdaq avançou 0,53% e o Dow ganhou 0,16%. Vários fatores ajudaram a explicar esse avanço:
- Resultados eufóricos no setor de inteligência artificial (IA): apesar de uma leve queda nas ações da Nvidia, a divulgação de um crescimento de 56% na receita trimestral reforçou a tese de que a demanda por chips e serviços de IA permanece robusta. Empresas como Alphabet, Amazon e Broadcom também avançaram, impulsionando o sentimento em Wall Street.
- Expectativas de corte de juros: o mercado vê mais de 80% de probabilidade de que o Fed reduza a taxa básica na reunião de setembro. Sinais recentes de menor pressão inflacionária, aliados a dados de seguro‑desemprego abaixo do esperado e lucros corporativos melhores, alimentaram a aposta de que a autoridade monetária apoiará o crescimento.
- Melhora nos lucros e no emprego: pedidos de auxílio‑desemprego recuaram, enquanto o lucro das empresas nos Estados Unidos se recuperou no segundo trimestre. Essas notícias afastaram temporariamente o temor de desaceleração econômica.
Contudo, nem tudo são flores. A mesma Reuters informa que alguns gestores consideram o otimismo exagerado: investidores celebraram o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, mas ainda temem risco de estagflação e inflação persistente. Caso a economia desacelere e o mercado de trabalho continue perdendo fôlego, cortes de juros isolados podem não sustentar a alta das ações. Outra preocupação é a influência política sobre o Banco Central: pressões da Casa Branca para acelerar os cortes geram dúvidas sobre a independência da instituição.
Em suma, a atual combinação de lucros fortes no setor de IA, expectativa de redução de juros e regulação favorável aos ativos digitais impulsionou as bolsas e o mercado de criptomoedas a níveis históricos. Mas os riscos permanecem. Oscilações bruscas de preço, incerteza sobre a economia global e o estágio avançado do ciclo de alta recomendam cautela. O investidor que decide entrar nesses mercados deve fazê‑lo de forma consciente, diversificando e considerando seu horizonte de investimento. Esta matéria tem propósito estritamente informativo e não constitui recomendação de compra ou venda de ações ou criptoativos.