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Por Que a Argentina Perdendo Sua Riqueza? Uma Análise Histórica


No início do século XX, a Argentina era um dos países mais ricos do mundo. Em 1895, segundo dados do historiador econômico Angus Maddison, o PIB per capita argentino era maior que o dos Estados Unidos, Alemanha e França. A nação sul-americana, impulsionada por um agronegócio altamente lucrativo e fortes laços comerciais com a Europa, era chamada de “o celeiro do mundo” — e parecia destinada a se tornar uma potência global. No entanto, ao longo do século, o país mergulhou em crises econômicas, instabilidade política e hiperinflação.

A ascensão: o “milagre argentino” da Belle Époque

Entre 1880 e 1930, a Argentina viveu um boom econômico impulsionado pela exportação de carne, trigo e couro. O país recebeu grandes levas de imigrantes europeus, especialmente italianos e espanhóis, o que fortaleceu sua força de trabalho e cultura. Buenos Aires se modernizou e rivalizava com Paris em arquitetura e vida urbana. Em 1913, a Argentina tinha o sétimo maior PIB per capita do mundo, segundo dados do Banco Mundial ajustados para paridade de poder de compra.

As instituições eram sólidas, o sistema bancário era robusto, e os investimentos estrangeiros fluíam. O país parecia destinado a se tornar o “Estados Unidos do Sul”.

O declínio: protecionismo, populismo e instabilidade

A derrocada começou após a Grande Depressão de 1929. O colapso do comércio internacional afetou severamente a economia argentina, excessivamente dependente das exportações. A resposta foi o nacionalismo econômico e o protecionismo, com políticas de substituição de importações que desestimularam a inovação e a competitividade.

Nos anos seguintes, a Argentina mergulhou em um ciclo vicioso de:

  • Golpes militares e instabilidade política.
  • Populismo econômico, especialmente durante os governos de Juan Domingo Perón, que ampliou gastos públicos sem sustentabilidade fiscal.
  • Inflação crônica e hiperinflações, como em 1989, quando o país viu a inflação chegar a mais de 3.000% ao ano.
  • Calotes na dívida externa, como o histórico default de 2001.

Segundo o economista Sebastián Edwards, autor do livro “Left Behind: Latin America and the False Promise of Populism”, a Argentina foi “um exemplo clássico de como políticas mal planejadas e instabilidade institucional podem destruir uma economia promissora”.

Comparação com os EUA

Enquanto os EUA seguiram o caminho do desenvolvimento industrial, inovação tecnológica e fortalecimento das instituições democráticas, a Argentina ficou presa a um modelo agroexportador e políticas econômicas voláteis. Em 2024, os EUA têm um PIB per capita de cerca de US$ 85 mil, enquanto o da Argentina é inferior a US$ 12 mil, segundo o FMI.

O que a história ensina?

O caso argentino é frequentemente citado como um exemplo de “fracasso institucional”. Mesmo com recursos naturais abundantes, uma população instruída e localização estratégica, o país não conseguiu manter políticas econômicas de longo prazo.


Conclusão

A Argentina do início do século XX provou que riqueza não é destino garantido. O colapso de um dos países mais prósperos do planeta mostra como más escolhas políticas, populismo econômico e instabilidade institucional podem minar décadas de prosperidade. Hoje, mais do que nunca, a história da Argentina serve de alerta para outras nações em desenvolvimento — inclusive o Brasil.

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